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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Artigo

A PERDA

A morte de um ente querido é um acontecimento que nos afeta de maneira intensa; nossa vida deixa de ter sentido e nossas referências se perdem. Sentimos dor, e esta parece não ter fim; não conseguimos entender nossos sentimentos: hora estamos com raiva porque a pessoa se foi, hora ficamos intensamente tristes. Vivemos muitos momentos de solidão, em outros, queremos ter muitas pessoas ao nosso lado, para preencher uma lacuna que parece não ter fim.
“Como lamentamos e como, ou se nossa lamentação vai terminar depende do modo como sentimos nossa perda, depende na nossa idade e da idade de quem perdemos, depende de o quanto estamos preparados para isso, depende de como a pessoa sucumbiu à mortalidade, depende das nossas forças interiores e do apoio externo e, sem dúvida, depende da nossa história – nossa história do lado da pessoa que morreu e nossa história individual de amor e de perda”. (Viorst, 1988, p. 244).
As formas de expressar a dor são individuais e estão relacionadas a vários fatores; quanto mais ligados estamos a alguém, mais difícil será o desligamento. Não sabemos o quanto estamos preparados até que ocorra a perda, e quando ela ocorre temos a impressão de que isto é doloroso demais e que não vamos sobreviver.
Bowlby (1973/1993) enumera quatro fases no processo de luto; entretanto, não afirma que todos nós necessariamente passamos por elas ou que não há oscilações; enfatiza que estas são apenas reações esperadas.
A fase de entorpecimento, que geralmente dura de algumas horas a uma semana e pode ser interrompida por explosões de aflição e/ou raiva extremamente intensas. Esta fase se segue à noticia da morte; é a sensação de que isto não é verdade, de que a notícia não é real. Nossa mente entende, mas nosso coração não quer aceitar tal fato.
A fase do anseio e busca da figura perdida, que dura alguns meses e por vezes anos. Nesta fase procuramos aquele que perdemos, esperamos por sua aparição, que surja na porta de entrada ou que esteja em seu quarto como de hábito. Esta procura pode se dar sem que tenhamos consciência dela; quando nos percebemos, já estamos à procura do ente querido. Isto pode também ocorrer de forma consciente, ou seja, procuramos deliberadamente a pessoa perdida.
A fase de desorganização e desespero. Nesta fase a pessoa já começa a perceber a realidade da perda; conseqüentemente, se desorganiza em seus sentimentos, sente raiva pela pessoa que partiu, pois considera que foi abandonada, sente-se deprimida por se dar conta de que não há o que fazer. Estes sentimentos se alternam com movimentos de avaliação da nova situação e a redefinição do papel atual.
E a fase de maior ou menor grau de desorganização. Geralmente após um ano da morte, a pessoa enlutada consegue dar continuidade à sua vida, apesar da saudade; ela ainda se sente triste, mas está mais bem organizada para realizar suas tarefas.
Cada indivíduo as vive ao seu modo e, depois da dor, volta a investir na sua vida e nas pessoas que continuam a seu lado. Viver o processo do luto não tem como objetivo esquecer aquele que nos foi importante; o objetivo é o de viver, apesar da perda. Continuaremos sentindo a falta daquele que partiu em datas importantes e desejaremos estar ao seu lado, mas agora sabemos que podemos retomar a trajetória da nossa vida.
Muitas pessoas não conseguem reinvestir em suas vidas, pois continuam acreditando que podem voltar a conviver com a pessoa perdida, assim, vivem uma depressão e, conseqüentemente, um luto crônico. Segundo BOWLBY (1969/1993), Parkes (1970) diz que os fatores de risco que podem ter como conseqüência um agravamento do processo de luto e até mesmo torna-lo crônico são divididos em quatro categorias: os fatores predisponentes no enlutado; os fatores de relação com o morto; o tipo de mote e, os suportes sociais.
Os fatores predisponentes no enlutado que podem agravar o luto são: a perda ser de pessoa jovem (em especial ser criança); ter baixa auto-estima; ter dificuldade nos relacionamentos, em especial com os pais; e, ter tido muitas perdas anteriores.
Os fatores da relação com o morto incluem: ser o cônjuge (particularmente com a viúva); um dos pais, principalmente com o filho pequeno; adolescentes enlutados que perdem um dos pais; enlutado ambivalente ou dependente em relação ao morto; filhos pequenos, especialmente com até 5 anos.
Tipo de morte: inesperada e prematura; após doença muito longa; o enlutado que desconhece o diagnóstico e/ou prognóstico; o enlutado fisicamente distante por ocasião da morte; suicídio; assassinato.
Suportes Sociais: o indivíduo enlutado sem filhos ou familiares próximos.
BOWLBY(1973/1993), cita Parkes (1970), e este verificou em seus estudos que as pessoas que passam pelo luto crônico mostram pouca ou nenhuma reação durante a semana que se segue à perda, ou apresentam perturbação aguda na forma de um ou mais sintomas, tais como, anseio excepcionalmente intenso e continuado, desespero expresso no desejo de morte, raiva e amargura persistentes, culpa e auto-acusação acentuadas. Muitos desses indivíduos, durante o curso do primeiro ano da morte, também se mostram deprimidos e desorganizados. O sofrimento da perda se torna crônico quando não conseguimos nos libertar dele. Muitos têm medo de esquecer a pessoa perdida; é como se estivessem traindo o ente querido, e assim permanecem sofrendo por meses ou mesmo anos.
Nos casos em que a pessoa vive um luto crônico, é necessária uma ajuda especializada. A terapia é a melhor indicação para este caso. No processo terapêutico, a pessoa terá a oportunidade de expressar a saudade, a raiva e o medo, o horror ante a perspectiva da solidão, o choro impotente. São sentimentos que a sua rede de apoio (familiares e amigos) tem dificuldades de compreender porque também lhes causa dor. Além disso, terá o ambiente propicio para validar seus sentimentos sem julgamentos, o que o ajudará a transpor esse período de luto, até dele emergir. Mascarar ou fugir do luto causa ansiedade, confusão e depressão. Se, em contrapartida, a pessoa enlutada receber pouco ou nenhum reconhecimento social por sua dor, poderá temer que seus pensamentos e sentimentos sejam anormais, que não há motivo para se sentir assim, o que causará ainda mais sofrimento. A terapia auxiliará o enlutado a aceitar a realidade da morte, a vivenciar o pesar, a ajustar-se ao meio no qual o falecido não mais se encontra e a reinvestir sua energia em novas relações. Assim como o luto é um processo, a terapia para o luto crônico também o é; assim, ela se desenvolve de acordo com o tempo do paciente, entendendo a sua dor e seus medos. A terapia se propõe a ajudar e não a impor uma forma correta de viver o luto, mesmo porque esta forma não existe; o que existe é um ser humano que expressa sua perda e esta expressão é única, peculiar a cada um de nós.


Referências Bibliográficas:


BOWLBY, J. (1969/1993). Apego, São Paulo, Ed. Martins Fontes.
________. (1973/1993). Perda: Tristeza e Depressão, São Paulo, Ed. Martins Fontes.

PARKES, C. M. (1970)."Seeking" and "finding" a lost object: evidence from recent studies of the reaction to bereavement. Society of Science and Medicine, Aug, 4(2), pp 187-201.
VIORST, J. (1988). Perdas Necessárias, São Paulo, Ed. Melhoramentos.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Auto-Estima

O Que é?


Auto-estima é o sentimento que a pessoa tem por si mesma; é desenvolvido durante toda a nossa vida. Reconhecemos nossos sentimentos por reações corporais que ocorrem na nossa interação com as pessoas e o ambiente. Aprendemos a nomear nossos sentimentos de acordo com a cultura em que estamos inseridos, ou seja, é por meio das relações sociais que aprendemos a nomear os sentimentos.


Sentimento não é Causa:


Sentimentos não são causas das nossas ações. O sentimento não surge de maneira espontânea ou arbitrária, são os acontecimentos anteriores que produzem os sentimentos e os comportamentos. Para entender as ações e os sentimentos é necessário rever o que aconteceu anteriormente. Ex.: uma pessoa que fala o tempo todo da namorada porque sente saudade dela. Fato anterior ou evento crítico: a namorada fez uma viagem longa. Comportamento: falar sobre a namorada e lhe escrever e-mails ou mensagens saudosas. Reações corporais: ao mesmo tempo que fala sobre ela seu coração bate mais rápido e seus pensamentos a imaginam. A saudade é toda a interação descrita: fato anterior, comportamento e reações corporais.


Desenvolvimento:


Os sentimentos não nascem com a pessoa. Como um prédio em construção eles vão se formando no decorrer do nosso desenvolvimento. Quando somos crianças o que ocorre conosco e ao nosso redor (no ambiente) produz comportamentos e sentimentos. A auto-estima é o resultado dos elogios, das criticas e das punições recebidas. Os elogios aumentam a auto-estima, as punições diminuem a auto-estima e as críticas tanto podem ser orientações que estimulem a auto-estima elevada quanto regras que aprisionem o seu desenvolvimento.

Dica: Para elevar a auto-estima é importante enfatizar o “VOCÊ” na frase que explícita um elogio. Por ex.: VOCÊ me deixou muito feliz com o seu trabalho ou VOCÊ fez um excelente trabalho. Dando destaque a pessoa e não ao comportamento.

O reconhecimento do outro não desenvolve dependência na pessoa que foi elogiada. A criança sentindo-se amada pelo outro, aprende a amar a si mesma e aprende que é bom ser amada pelo outro, se tornando um adulto com auto-estima elevada.

Como em um edifício que é construído com materiais de boa qualidade o produto final é um imóvel de alto padrão, assim é o ser humano, quando cresce recebendo elogios por seus atos adequados, recebe atenção, apoio e incentivos, o produto final é uma elevada auto-estima. A pessoa com elevada auto-estima sabe o que é capaz de fazer, é segura de si e independente do outro para produzir o que é bom para si mesma.

Quando o edifício é construído com materiais de baixa qualidade tem como produto final um imóvel de menor valor, o mesmo ocorre com o ser humano: quando a criança é criticada, tem pais muito exigentes e que não a orientam adequadamente, tem como conseqüência uma auto-estima rebaixada, então a pessoa se sente inadequada, insegura, com dúvidas, com um sentimento de não ser capaz e desisti facilmente daquilo que começa. A baixa auto-estima também afeta a produtividade no trabalho. Quem está insatisfeito consigo mesmo e com aquilo que executa não se envolve com seus afazeres profissionais.


Como se mantém a auto-estima?


A auto-estima é mantida e desenvolvida pela própria pessoa à medida que ela aprende a fazer uso do auto-reconhecimento e a observar seus comportamentos e as conseqüências que ele produz. Assim comportamentos que produzem conseqüências positivas podem ser mantidos e aqueles que produzem conseqüências negativas podem ser modificados. A auto-estima está associada à possibilidade da pessoa sentir-se livre, sentir-se amada, de tomar iniciativas e de ser criativa. Essa possibilidade é oportunizada e mantida quando a pessoa reconhece seus próprios comportamentos como, por exemplo: “Planejei com cuidado todos os detalhes da festa. Foi um sucesso. Fui um sucesso!”.

A auto-estima influencia tudo o que fazemos, pois é o resultado do que acreditamos ser, por isso o auto-conhecimento é de fundamental importância para desenvolver, manter e elevar a auto-estima. Quanto mais nos conhecemos maior é a probabilidade de termos elevada a nossa auto-estima, ou seja: confiar em si mesmo; respeitar e conhecer nossos limites, características e potencialidades; reconhecer nossos valores e nossa competência; observar nossa capacidade de atuar independente da aprovação dos outros faz com que a nossa auto-estima se eleve.

ESTRESSE

Estresse é uma reação do organismo que ocorre quando ele precisa lidar com situações que exijam um grande esforço emocional para serem superadas.

Dificuldades do dia-a-dia, doenças, desemprego, brigas, acidentes e perdas importantes. Muitas mudanças na vida, mesmo que para melhor, quando ocorrem muito juntas no tempo podem ter um efeito somatório de produzir estresse.

Uma das conseqüências do estresse além do desgaste emocional e físico é o desgaste nos relacionamentos Interpessoais tendo como resultado problemas no trabalho e na vida pessoal.
O ser humano é um sistema fechado. Não é possível se valorizar e tratar uma parte e deixar que as outras sofram descaso. Torna-se importante reduzir o stress em todas as áreas de atuação e tornar a interação entre o ambiente trabalho-família-lar mais saudável e mais facilitador da produtividade e do sucesso.
É necessário identificar os fatores organizacionais propensos a contribuir para o adoecimento da relação familiar a fim de evitar que o stress da família retorne impiedosamente para o ambiente de trabalho. Por outro lado, importante também é identificar fatores familiares que possam estar interferindo com o bom desempenho ocupacional.
Como controlar o stress?

Alimentação saudável: Deve ser rica em legumes, verduras e frutas. Evite gordura, chocolate,café, refrigerantes e sal.

Exercício físico: Consulte o seu médico antes de começar a se exercitar. caminhadas de 30 minutos pelo menos 3 vezes por semana é um bom começo.

Relaxamento: Quando relaxamos, o nosso corpo e mente têm a chance de se livrarem das tensões acumuladas, de se prepararem para novos desafios. Todo ser humano precisa de pelo menos meia hora por dia para relaxar e se desligar dos problemas. Não há formula mágica para relaxarmos. Alguns gostam de música, outros de bate papo, outros de TV. O que importa é você se desligar dos problemas por alguns minutos.

Terapia: ajudando na busca de novas estratégias para soluções ou mudanças de comportamentos inadequados, causadores de estresse.