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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ser Um Cuidador.


Hoje quero falar de pessoas que não são enfermeiros, que não são médicos ou psicólogos, e mesmo não ocupando estas funções necessitam cuidar de um amigo ou familiar, estes cuidadores são os cuidadores informais. Pessoas que de uma hora para outra se vêem assumindo múltiplas funções e sofrem junto com aqueles que cuidam.

Leonardo Boff, teólogo e filosofo no livro Saber cuidar (1999) diz: "...assim, pois, cuidar é mais que um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilidade e envolvimento".

Nestas palavras de Boff encontramos o significado do cuidar, encontramos as bases de um cuidador. Aquele que no meio de sua correria encontra tempo para se dedicar e se envolver, que também tem seus medos, também sente dores, estas emocionais, pois há momentos que não sabem o que vai acontecer com seu ente querido, e mesmo com estes sentimentos não deixam de cuidar, de estar, de tentar amenizar a dor de quem cuidam. São pessoas que se disponibilizam por amor, por saber que fazem a diferença daquele que esta doente.
Não é fácil estar em vários lugares ao mesmo tempo, mas estes cuidadores estão. Precisam para isso reorganizar suas vidas, necessitam sentir-se de algum modo seguros, pois tomam decisões, se responsabilizam de mais coisas do que aquelas que estavam acostumados.
Por estes motivos quando atendo um paciente de câncer, atendo também seu cuidador, para ajudá-lo a se organizar nesta nova vida, para ouvir seus medos, suas raivas e poder estar assim um pouco mais leve para seguir com sua atitude de cuidar.
A intenção deste texto é trazer a importância de cuidar de quem cuida. Eu já fui uma cuidadora informal, quando minha mãe que infelizmente não esta mais aqui, ficou doente, e sei o quanto não é fácil estar sozinho nesta atitude, o quanto sofremos por não saber se o que estamos fazendo é correto, se as decisões que tomamos são as certas. Este texto serve para aquele que cuida saber que não precisa estar sozinho em seu cuidar, que para cuidar de outro será necessário tamnbém cuidar de si, saber que é humano e que pode ser olhado.


Beijo a todos, fiquem bem.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Vazio de Mim


Nesta vida louca que vivemos, sem tempo nem ao menos para cuidar de nós mesmos, vivendo muitas vezes sobre pressão do trabalho e/ou da vida pessoal. E do nada algumas pessoas começam a sentir que estão se afastando delas mesmas, tem a sensação de não saber quem são e já não sabem mais o querem, estas sensações podem ser chamadas de “vazio de mim”.
Quando vivemos este vazio, deixamos de sentir, nem o bom e nem o mal, a tendência é se sentir muito cansado, pois parece que tudo que se faz não vale mais a pena fazer. Deixamos de desejar e querer, por alguns momentos parece que nossa alma se foi e só esta o corpo, e este corpo continua a fazer as coisas do dia–dia, mas as faz de maneira mecânica, por que já sabe como funciona, faz sem sabor, não lhe da mais prazer. Acorda exausto e dorme exausto, o dia passou e as coisas que aconteceram neste dia não fizeram nenhum sentido, nesta situação as pessoas não querem mais pensar, nem em nada ou ninguém, a única vontade é se encolher e dormir.
Quando vivemos neste vazio de mim todos os dias, por muito tempo e nada muda, temos um problema, pois estamos morrendo aos poucos, em vida, deixando de existir, paramos de interagir.
Não necessitamos continuar vivendo e se sentindo assim, não precisamos continuar vendo nossos amigos ou familiares vivendo assim. Como ajudar então quem vive este vazio? Como fazer se quem vive este vazio é você mesmo?
A primeira coisa a fazer é parar e admitir que não esta bem. Depois procurar ajuda especializada. A primeira ajuda é um psiquiatra, este é o único indicado para receitar a medicação, esta medicação vai ajudar a química do corpo a se reorganizar, mas a medicação não é mágica, temos também que reorganizar a vida e para isso procuramos um psicólogo.
A terapia vai ajudar a rever a sua vida, a reparar o que não esta bem, a descobrir que talvez sua vida perdeu a graça por falta de se olhar, de se cuidar, de procurar outras coisas e descobrirá também que esta falta se deve porque você viveu tempo de mais envolvido nos problemas e esqueceu que a vida é feita também de outras coisas.
Você descobrirá a importância de ser completo, que não existi por exemplo só o trabalho em sua vida, mais também família, lazer, amigos e porque não, momentos que não se faz nada, apenas curtir a preguiça de uma tarde chuvosa, aprende que uma boa alimentação é importante, que atividade física é importante, pode também conhecer seus limites, a identificar suas habilidades, a redescobrir necessidades conhecidas e desconhecidas, que são individuais e por fim aprender a se amar e que você é importante. E assim, o “vazio de mim” neste processo de aprendizado e trabalho em conjunto com a psiquiatria vai deixando de existir e passamos a estar mais próximos de nós. Uma vida mais completa, com mais graça, não sem problemas, mas com a energia para enfrentá-los. Por fim, todos temos o direito de sermos felizes, de estarmos bem, pedir ajuda não é ser fraco, ao contrário, é uma demonstração de auto-cuidado e de ser sim forte e corajoso.

Beijos fique bem.

A Procura do Amor


Aproveitando que estamos no mês dos namorados quero falar sobre o amor, como nos sentimos quando o vivenciamos, quando não o vivenciamos e que tipo de amor queremos.
Falar sobre amor é agradável, entende-se como algo maravilhoso, uma relação que vem para completar nossa vida, que nos dá calor, que nos trás o sentido para viver, nos faz sonhar acordados e melhorar nossa auto-estima. Muitos dirão que este é o amor vivido nos romances, filmes, mas não, este amor é também vivido na vida real por muitas pessoas.
Grande parte dessas pessoas descreve a vivência do amor como sendo um sonho, dizem ter encontrado o par perfeito, do quanto o destino foi bom com elas e mesmo passado a fase dos três primeiros meses a pessoa com quem se esta continua sendo a pessoa amada, mas agora mais real, mais humana. A paixão cega se torna no amor que vê, um amor mais tranqüilo, mais equilibrado e sem tanta afobação.
Viver o amor para algumas pessoas é estar e se sentir completo, é poder ter alguém para contar e contar para este alguém suas dúvidas, medos e sonhos, sonhos que queremos viver junto com este alguém.
E as pessoas que não tem um amor como vivem?
Na experiência vivida em consultório, as pessoas de inicio dizem não sentir falta de alguém, que de alguma maneira estão organizando suas vidas, se dedicando a carreira, cuidando dos filhos (fruto da relação anterior). Estas pessoas vivem assim por muito tempo e algumas estão convictas de que estão bem e que realmente não sentem falta do amor, de alguém. O ser humano é único e como ser único cada qual tem suas necessidades, sua forma adequada de viver e suas prioridades.
Há outras pessoas, porém que chegam a um momento deste tempo vivido sem o amor, que sentem a necessidade de se apaixonar, que querem um amor, sentem desejo de voltar a compartilhar, de sentir que pertencem a outra pessoa, tem a sensação de que falta algo em suas vidas, de que não há um complemento, um alguém para ser feliz ou mais feliz e com estas sensações e desejos iniciam a procura desse alguém.
Como é este alguém? Que qualidades terá? Quais os defeitos que serão suportados?
O como será este alguém, suas qualidades e defeitos esta relacionado com a história de vida de cada um, com o momento de vida que cada um passa, estas são algumas das influências na escolha do amor, não são as únicas e não são regras.
Há pessoas que escolhem e desejam o amor romântico, onde há troca de cartas de amor, presentes, declarações de amor, com direito a serenatas, e claro tem o desejo de casar e formar uma família. Outras desejam algo mais racional, querem sim amar e ser amadas, mas querem algo tranqüilo, onde não necessitam declarar seu amor a toda hora, são pessoas que talvez já viveram um casamento e querem homens/mulheres mais companheiros (as), mais estabilizados (as) e não necessariamente o objetivo é o casamento.
Temos que lembrar sempre que não há o certo ou errado, que cada qual tem sua história de vida, suas influências, seu ambiente, o amor que procuro não será o mesmo que o seu. E seguindo esta linha de pensamento temos que lembrar também que um casal é formado de dois corações, de duas histórias e que o amor não é apenas gostar das qualidades, isto é fácil, é também entender e conviver com os defeitos.
O mais importante aqui é viver a vida de forma plena, procurando viver da melhor maneira as conseqüências das escolhas feitas, com ou sem amor, o único amor que não pode faltar é o amor a si mesmo.
Mas aonde procurar o amor?
Bom o amor pode surgir a qualquer hora ou lugar. Pode estar no local de trabalho, na balada, pode ser o amigo do amigo, pode estar na casa de um parente, temos que ficar atentos. Há uma música de um cantor argentino Fito Paez que se chama Um vestido e um amor, onde fala do como ficamos quando encontramos o amor, do quanto ele pode acontecer de forma inesperada. Então se querem encontrá-lo saiam, vão a lugares e ai um belo dia vão simplesmente encontrar a quem se deseja.
Você pode me dizer. Inês tenho medo, porque já me machuquei e não vou nem tentar. Eu te digo que, ter medo é natural, ainda mais quando se tem uma historia não muito boa, eu também tenho medo, mas ficar em casa sozinho, sentindo falta de alguém ou pena de si por não ter o alguém que se quer, não vai diluir o medo, não vai ajudar. Vá, coloque uma roupa bonita, que você se sinta bem, o perfume que mais gosta, e comece aos poucos, saia, apenas paquere, olhe, deixe que te olhem e quem sabe, você não estava a procura de nada, e simplesmente vê um certo alguém e descobre que tentar ainda é valido.
Para finalizar segue a tradução da alguns refrões da música que citei.

Um Vestido e um Amor (te vi)
Te vi juntavas margaridas do jardim
Eu sei que te tratei bastante mal
Não sei se eras um anjo ou um rubi ou simplesmente te vi
Te vi saíste entre as pessoas à cumprimentar
Os astros riram outra vez
A chave de mandala se quebrou
Ou simplesmente te vi
Tudo o que vi esta de mais
As luzes sempre iluminam a alma
E quando me perco na cidade
Você já sabe compreender
Que é só um momento não mais
Tinha que chorar
O sair a matar
Te vi te vi
Eu não buscava a ninguém e te vi.

Beijo a todos, fiquem bem.